Video de Dança do Ventre - Badia Masabni
Badiaa Masabni, madrinha da dança oriental, nasceu em Lebanon, a qual naquela época ainda fazia parte da Síria. Mudou-se para o Egito onde manteve um bom padrão de vida trabalhando como dançaria e atriz. Alguns anos depois no Cairo - centro da indústria de entretenimento do Oriente Médio - ela abriu o primeiro "music hall" Egípcio. Badiaa chamou seu cabaré de "Opera Cassino" (este era o nome oficial), mas ele também era chamado de "Cassino da Badiaa" ou "Cabaré da madame Badiaa". O clube noturno oferecia uma grande variedade de entretenimento como canto, dança e às vezes shows cômicos e de mágica. Badiaa o fez no modelo europeu a fim de atrair tanto os visitantes do Oriente Médio quanto os europeus que, cada vez mais, por lá passeavam. Na verdade, seu cassino foi freqüentado por uma grande variedade de pessoas de todos os lugares do mundo. Mas era mais que um cabaré, o "Cabaré da madame Abadiaa" era um popular ponto de encontro da sociedade de Cairo, freqüentado pelo "Le beau monde " (O Belo Mundo). Em contrapartida, ofereceu shows especiais de entretenimento para outras mulheres se apresentarem retirando o privilégio das mulheres muçulmanas. Comediantes como Assyrian Naguib al-Rihani teve sua vez nos palcos da Abadiaa. Rihani, ou, "Kesh-Kesh Bey" tornou-se o único marido de Badiaa, os quais viveram juntos por muito tempo.
Nos anos quarenta a Celebração de Gisé no music hall - Cassino Badia - fez história durante a segunda guerra mundial quando oficiais, trapaceiros e espiões misturaram-se no conforto das famosas dançarinas do ventre da madame Badiaa. Falhando em vencê-la, a máquina de propaganda de Hitler achou necessário atacar madame Badiaa acusando-a de ser traidora, uma perigosa espiã e uma agente secreta britânica. Sabia-se que o filho de Churchill e o Duke de Gloucester freqüentavam o cassino.
Uma das maiores contribuições que ela fez à dança oriental foi livrá-la de da tradição dos chaabi ou dança popular. Onde antes a dança do ventre possuía um limitado repertorio de movimentos com os braços, ela teve a idéia de não somente mantê-los do lado, mas usá-los também acima da cabeça com mais movimentos fluentes, conhecidos como "braços cobras". Não somente como movimentar os braços, mas como usar mais o espaço do palco foram uma das contribuições das idéias de Abadiaa. O ghawazee e almeh eram feitas quase sempre no mesmo local. Agora as dançarinas tinham de usar todo o palco, o qual era bem maior do que costumava ser. A maioria das dançarinas tradicionais improvisava, mas Badiaa Masabni foi pioneira no uso da coreografia. Como o público que ficava muito longe do palco quase não conseguia acompanhar o show, adereços como o véu foram incorporados na dança. Talvez ela havia sido inspirada por um dos shows de Isadora Duncan (1877-1927) em Paris. O véu produzia maior efeito no público de trás. De fato, o uso do véu e da roupagem dividida em duas partes, foi inspirado nas produções de Hollywood assim como nos pôsteres de filmes nas mostras de teatro.
Acima disso, outra grande idéia da Madame Masabni foi adicionar músicos clássicos treinados na tradicional req, derbake e nay ou "zurna". O "tagsim" ou improvisação musical mudava o ritmo do "maqsoum" ou batida de "baladi". Takasim era reproduzido no tão famoso ritmo "shifti telle" ou al "wahda attawilla" ou de outra forma no "masmoudi", uma batida lenta de "beledi". O ritmo "shitfi telle" não era egípcio, mas do leste e viajou pela estrada da seda da Ásia central para a Turquia e Grécia, naquela época território do império Otomano. Graças ao baixo volume do shifte telli, outros instrumentos puderam ficar em foco durante as partes improvisadas. Junto à percussão da orquestra eram alinhados violinos extras, um violoncelo, "oud" e acordeom. As composições tornaram-se mais complexas e os movimentos tiveram de acompanhá-las. Arranjos musicais alterados por improvisação inspiravam dançarinos a apresentarem algo que alegrasse tanto o público ocidental quanto o oriental. Agora, todos os elementos juntos fundiram a dança do ventre em rags sharki ou dança oriental. O nome da dança do ventre veio dos viajantes franceses do século IX que por não estarem familiarizados com os movimentos dos ghawazee os descreveram em suas histórias de viajem como "danse du ventre". Naquela época, antes do século XX, o nome foi afixado a idéia da dança, mas, como percebemos, tornou sua descrição bastante limitada.
Foi no lendário cabaré da Badiaa que, durante a década de trinta e quarenta, as duas mais influentes e inovadoras mulheres do século XX da dança oriental foram treinadas por Badiaa Masabni - que as treinou muito profundamente. Elas se tornaram as mais famosas e extraordinárias dançarinas do meio do século: Tahiya Carioca e Samia Gamal.
http://www.belly-dance.org/badia-masabni.html
Tradução: Amira Zaib